segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quadras Populares

Contigo em contradição
Pode estar um grande amigo.
Duvida mais dos que estão
Sempre de acordo contigo.

Entre leigos e letrados
Fala só de quando em quando.
Que nós às vezes calados
Dizemos mais que falando.

Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que tu dizes.

Ó minha menina loura,
Ó minha loura menina,
Dize a quem te vê agora
Que já foste pequenina…

Levas uma rosa ao peito
E tens um andar que é teu…
Antes tivesses o jeito
De amar alguém, que sou eu.

Tens um livro que não lês,
Tens uma flor desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.

O Norte é irmão do Sul
O Sul é irmão do Norte
Quando os filhos estão unidos
Portugal fica mais forte

Hoje há Sandras e Patrícias
Sinal dos tempos que vão
Acabaram-se as Marias
Tudo vem da imitação

Sónias, Mónicas, Sofias
E Carlas ao desbarato
Ninguém quer um fato próprio
Tudo quer mudar de fato.

O oficio de sapateiro
É uma vida desgraçada.
Quando ganha é para o almoço,
Para o jantar já não tem nada.

Quando olho para o ferreiro,
Dá-me vontade de rir,
Por ele ter a cara suja
E os olhos a luzir.

Tive amores com um artista,
Depois com um procurador.
Hoje namoro um escrivão
Que amanhã será doutor.

O caldo de Pedra



Um frade andava ao peditório; chegou à porta de um elevador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair com fome, e disse:
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra - disse:
- Se me emprestassem aí um poucarinho.
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas.
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava de primor.
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada para que o via. Diz o frade, provando o caldo:
- Está um bocadinho insosso; bem precisa de uma pedrinha de sal.
Também lhe deram sal. Temperou, provou, e disse:
- Agora é que com uns olhinhos de couve ficava que os anjos o comiam.
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as, e ripou-as com os dedos deitando as folhas na panela. Quando os olhos já estavam avermelhados disse o frade:
- Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça…
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço; ele botou-o à panela, e enquanto se cozia, tirou do alforge pão, e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço; depois de despejada a panela ficou com a pedra no fundo; a gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
- Ó senhor frade, então a pedra?
Respondeu o frade:
- A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lenda do milagre das Rosas

O rei disse:
-Bom dia senhora!
-Bom dia, meu senhor. -disse ela.
-Nao esperava ve-la por aqui, minha senhora, o que faz aqui tao cedo?
-Eu vou apanhar flores, meu senhor.
-Ah fazeis bem minha senhora. ate logo!
mais tarde, quando a senhora chega o rei perguntou-lhe.
-Entao,minha senhora, as flores?
-Estao aqui, meu senhor!
As rosas caem o chao para espanto do rei que lhe responde:
-Sois uma deusa.
Convencido da inocencia da rainha, presegiu o fidalgo e matou-o.